terça-feira, 1 de novembro de 2011

PARNASIANISMO


Introdução:


O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França, na metade do século XIX e se desenvolveu na literatura européia, chegando ao Brasil. Esta escola literária foi uma oposição ao romantismo, pois representou a valorização da ciência e do positivismo.




Características Gerais

• postura anti-romântica
• objetividade temática
• arte pela arte
• culto da forma - representada pelos sonetos, versos alexandrinos (12 sílabas poéticas, rima rica, rara e perfeita)
• tentativa de atingir a impassibilidade e a impessoalidade
• universalismo
• descrições objetivas da natureza e de objetos
• retomada da Antiguidade Clássica com seu racionalismo e formas perfeitas
• surge a poesia de meditação, filosófica - mas artificial



Contexto Histórico


Parnasianismo é uma estética literária de caráter exclusivamente poético, que reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. A poesia parnasiana voltada para onde há o ideal da perfeição estética e a sublimação da "arte pela arte". Teve como sua primeira obra Fanfarras(1882), de Teófilo Dias. Parnasse (em português, parnaso e daí parnasianismo): origina-se de Parnassus, região montanhosa da Grécia. Segundo a lenda, ali moravam os poetas. Alguns críticos chegaram a considerar o parnasianismo uma espécie de realismo na poesia. Tal aproximação é suspeita as duas correntes apresentam visões de mundo distintas. O autor realista percebe a crise da ‘síntese burguesa’, já não acredita em nenhum dos valores da classe dominante e a fustiga social e moralmente. Em compensação o autor parnasiano mantém uma soberba indiferença frente aos dramas do cotidiano, isolando-se na "torre de marfim", onde elabora teorias formalistas de acordo com a inconseqüência e o hedonismo das frações burguesas vitoriosas.
Grandes acontecimentos históricos marcaram a geração dos parnasianos brasileiros. A abolição da escravatura (1888) coincide com a estréia literária de Olavo Bilac. No ano seguinte houve a queda do regime imperial com a Proclamação da República. A transição do séculoXIX para o século XX representou para o Brasil: um período de consolidação das novas instituições republicanas; fim do regime militar e desenvolvimento dos governos civis; restauração das finanças; impulso ao progresso material. Depois das agitações do início da República, o Brasil atravessou um período de paz política e de prosperidade econômica. Um ano após a proclamação da República, instalou-se a primeira Constituição e, em fins de 1891, Marechal Deodoro dissolve o Congresso e renuncia ao poder, sendo substituído pelo "Marechal de Ferro", Floriano Peixoto.






Parnasianismo

Nas últimas décadas do século XIX, a literatura brasileira abandonou o sentimentalismo dos românticos e percorreu novos caminhos.
Na prosa, surgiu o Realismo/Naturalismo e na poesia, o Parnasianismo e Simbolismo.
Os poetas parnasianos achavam que alguns princípios adotados pelos românticos (linguagem simples, emprego da sintaxe e vocabulário brasileiros, sentimentalismo, etc) esconderam as verdadeiras qualidades da poesia. Então, propuseram uma literatura mais objetiva, com um vocabulário elaborado (às vezes, incompreensível por ser tão culto), racionalista e voltada para temas universais.
A inspiração nos modelos clássicos, ajudaria a combater as emoções e fantasias exageradas dos românticos, garantindo o equilíbrio que desejavam.
Desde a década de 1870, as idéias parnasianas já estavam sendo divulgadas.
No final dessa década, o jornal carioca “Diário do Rio de Janeiro” publicou uma polêmica em versos que ficou conhecida como “Batalha do Parnaso”. De um lado, os adeptos do Realismo e Parnasianismo, e, de outro os seguidores do Romantismo.
Como conseqüência, as idéias parnasianas e realistas foram amplamente divulgadas nos meios artísticos e intelectuais do país.
O marco inicial do Parnasianismo brasileiro foi em 1882 com a publicação de “Fanfarras” de Teófilo Dias.




PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS

- OLAVO BILAC (16/12/1865 – 28/12/1918)
Tentou estudar medicina e advocacia, porém abandonou as duas carreiras por gostar mais de artes plásticas.
Além de poesias, ele também escreveu crônicas e comentários, inicialmente publicados em jornais e revistas.
Foi inspetor escolar, secretário da Liga de Defesa Nacional, jornalista, tomou parte na fundação da Academia de Letras e foi sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
Trabalhou muito pelo ensino cívico e pela defesa do país.
Expressou seu mundo interior através de uma poesia lírica, amorosa e sensual, abandonando o tom comedido do Parnasianismo.
Olavo Bilac criou uma linguagem pessoal e comunicativa, não ficando limitado às idéias parnasianas.
Por causa disso, ele é considerado um dos mais populares escritores de sua época.
Escreveu: “A sesta de Nero”, “O incêndio de Roma”, “O Caçador de Esmeraldas” “Panóplias”, “Via Láctea”, “Sarças de fogo”, “As viagens”, “Alma inquieta”, “Tarde” (publicada após a sua morte, em 1919), etc.
- ALBERTO DE OLIVEIRA (1857 – 1937)
Um dos mais típicos poetas parnasianos.
Suas poesias se caracterizam por um grande preciosismo vocabular. Possui características românticas, porém é mais contido e não tão sentimental como os românticos.
Obras: “Canções Românticas”, “Meridionais”, “Sonetos e Poemas”, “Versos e Rimas”.
- RAIMUNDO CORREIA (1860 – 1911)
A visão negativa e subjetiva que tinha do mundo deu um certo tom filosófico à sua poesia, embora apenas superficialmente.
Poemas:” Plenilúnio”, “Banzo”, “A cavalgada”, “Plena Nudez”, “As pombas”.
Livros: “Primeiros Sonhos”, “Sinfonias”, “Versos e Versões”, “Aleluias”, “Poesias”.
- VICENTE DE CARVALHO (1866 – 1924)
Apesar do rigor com a forma, ele não possui características parnasianas, pois não abandonou a expressão lírica e sentimental do romantismo.
Obras: “Ardentias”, “Relicário”, “Rosa, rosa de amor”, “Poemas e canções”.
Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia formavam a “Tríade Parnasiana”.

Na França, os poetas parnasianos que mais se destacaram foram: Théophile Gautier, Leconte de Lisle, Théodore de Banville e José Maria de Heredia.




Raimundo Correia (1860/1911)


Formação em Advocacia, lecionou em quase toda a vida. Tem seu livro Sinfonias (1883), completamente parnasiano, publicado com prefácio de Machado de Assis. Também é sócio fundador da ABL.
Era tímido e triste, sua saúde era debilitada, tendo viajado para a França, à procura de tratamento, quando lá encontrou a morte. Poema-epíteto: “As Pombas”.
Forma a Trindade Parnasiana com Bilac e Alberto de Oliveira. Mantém assim a temática do movimento, destacando-se a poesia filosófica, de meditação, marcada pela desilusão, o fim do sonho e um forte pessimismo. Tem fortes influências impressionistas.
Obras Principais:
• Estreou com um livro de inspiração romântica, Primeiros Sonhos (1879)
• Firmando-se como parnasiano a partir de Sinfonias(1883).
• Outras obras: Versos e Versões (1887), Aleluias (1891), Poesias (1898), Luciano Filho (1898 -ensaio).
Afirmam que Raimundo Correia versejava com tanta facilidade que chegava a escrever em verso as cartas aos familiares. Seus poemas revelam influência do pessimismo de Schopenhauer. A sua percepção negativa do mundo pode ser vista principalmente em “Nirvana”, “Imagem da Dor”, “Desiludido”.



Aprofundamento da obra : poema -> ‘As Pombas’

As Pombas
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas,
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sangüínea e fresca a madrugada...
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No Azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.



Análise do Poema:

Características Temáticas:
Foco principal - natureza.
“Raia sanguínea e fresca a madrugada”.
Descrição objetiva - fenômeno natural.
Arte pela arte – a poesia composta como fim em si mesma.
Características Estéticas:
Culto à forma:
> Procura da rima rica, rara ou resultante da combinação de categorias gramaticais diferentes; aversão aos termos cognatas (originados da mesma raiz):
1ª estrofe: Desperta => adjetivo
Dezenas => numeral
Apenas => preposição
Madrugada => substantivo
> Correção gramatical; uso de vocábulos raros; inversão frasal:
VOCÁBULOS RAROS:
Nortada => vento frio
Ruflando => agitando as asas para voar
Céleras => velozes
INVERSÃO FRASAL:
“Mas aos pombais as pombas voltam...”
“Mas as pombas voltam aos pombais...”
“E eles (os sonhos) aos corações não voltam mais...”
“E eles não voltam mais aos corações...”
> Predileção pelo soneto; abandono do verso branco
SONETO => 4 estrofes: 2 quartetos – 4 versos , 2 tercetos - 3 versos
HÁ RIMA
VERSOS DECASSÍLABOS - com 10 sílabas poéticas.
> Repúdio ao hiato, encontro de duas ou mais vogais no fim de uma frase e princípio de outra:
Vol / tam / to / das / em / ban / dO E Em / re / vo / a / da => 8° verso
> Sonetos terminados com “chave de ouro”, isto é, um verso final bem escrito, procurando condensar uma ideia e arrematando o poema com um belo efeito.
”E eles aos corações não voltam mais...”


Alunos :
Bruno Diniz nº 03
Franklin Wesley 07
Henry Richard 09
Ian H. B. Ferreira 11
Lucas Silva 18
Lucas Miranda 19
Nayara Gonçalves 27
Ramon A. Machado 30
Viviane Vitória 34
João Vitor 37

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