terça-feira, 25 de outubro de 2011

Naturalismo no Brasil

Naturalismo no Brasil:

Após o movimento do Realismo, que se limitava a retratar o homem em interações com o seu meio social, surge no Brasil o Naturalismo, que tinha como principal característica o emprego de temas voltados para a análise do comportamento patológico do ser humano. Essa nova escola literária baseava-se na observação fiel e cientifica da realidade, de forma bastante objetiva e detalhada, e também na experiência do indivíduo que, para os autores, era determinada pelo seu ambiente e hereditariedade.

Considerado por muitos como o início do pensamento teórico evolucionista de Charles Darwin no Brasil, o movimento ficou bastante conhecido por explorar temas nunca antes trabalhados como a homossexualidade, o incesto, o desequilíbrio e a loucura. Influenciadas pelas ideias, não só de Darwin como também de Hippolyte Taine e Auguste Comte, os autores naturalistas passaram a retratar em seus personagens traços da natureza animal, desde impulsos sexuais e comportamentos desregrados e instintivos.

Marco Inicial - O Naturalismo surgiu no Brasil com a publicação da obra `` O Mulato`` do maranhense Aluísio Azevedo em 1881.


Características do Naturalismo:


São as mesmas do Realismo, acrescidas de outras próprias do Naturalismo:

-Preocupação com o científico (explicar tudo através da ciência, usos de termos médicos);

-Comparação do homem com o animal (as mesmas necessidades);

-Uso de termos e palavras grosseiras;

-Sensualismo exagerado, desprezo pelas partes do corpo, principalmente as sexuais;

-A natureza como lugar apropriado para a prática erótica;

-Materialismo-Religião como instituição social;

-Domínio do ambiente sobre o homem;

-Vulgarização dos sentidos: sexo em qualquer lugar;

-Exploração das taras humanas, instintos, neuroses, cargas hereditárias e casos patológicos.

Aluísio Tancredo Gonçalves Azevedo (1857-1913):

Nascido em São Luis do Maranhão e morto em Buenos Aires, onde era agente consular veio para o Rio de Janeiro pela primeira vez ainda jovem, tendo se distinguido como caricaturista em vários jornais.
Com a morte do pai, voltou ao Maranhão para dedicar-se à imprensa e publicou suas primeiras obras. No mesmo ano, retornou ao Rio, onde tornou-se cônsul e serviu em vários países.
Para profissionalizar-se como escritor, Aluízio Azevedo produziu doze romances, dez peças de teatro (algumas em parceria com o irmão, o comediógrafo Artur Azevedo) em um volume de contos.
Dentre suas obras, muitas das quais não resistiram à passagem do tempo, destacam-se O Mulato ( 1881), Casa de Pensão (1884) e o Cortiço (1890).
O Mulato foi muito bem recebido pela crítica e pelo público, por tratar do preconceito racial, em plena Campanha Abolicionista, e por sua postura narrativa naturalista nova, quase inédita no Brasil.
Entretanto, ao reunir traços tanto do dramalhão romântico quanto da comédia naturalista, revela o fato de Aluísio Azevedo ter sido “um naturalista com horror à realidade”.
O Cortiço é uma obra em que os heróis individuais são substituídos pela coletividade, mostrando as condições de vida dos diferentes estratos sociais da pirâmide capitalista na cidade do Rio de Janeiro, em crescimento.

O cortiço ( fragmento):
[...]

Pombinha, impressionada pela transformação da voz dele, levantou o rosto e viu que as lagrimas lhe desfilavam duas a duas, três a três, pela cara, indo afogar-se-lhe na moita cerdosa das barbas. E, coisa estranha, ela, que escrevera tantas cartas naquelas mesmas condições; que tantas vezes presenciara o choro rude de outros muitos trabalhadores do cortiço, sobressaltava-se agora com os desalentados soluços do ferreiro.
Porque, só depois que o sol lhe abençoou o ventre; depois que nas suas entranhas ela sentiu o primeiro grito de sangue de mulher, teve olhos para essas violentas misérias dolorosas, a que os poetas davam o bonito nome de amor. A sua intelectualidade, tal como o seu corpo, desabrochara inesperadamente, atingindo de súbito, em pleno desenvolvimento, uma lucidez que a deliciava e surpreendia. Não a comovera tanto a revolução física. Como que naquele instante o mundo inteiro se despia a sua vista, de improviso esclarecida, patenteando-lhe todos os segredos das suas paixões. Agora, encarando as lágrimas do Bruno, ela compreendeu e avaliou a fraqueza dos homens, a fragilidade desses animais fortes, de músculos valentes, de patas esmagadoras, mas que se deixavam encabrestar e conduzir humildes pela soberana e delicada mão da fêmea.

[...]
             
              O Cortiço (análise)

Aluísio Azevedo, nesta obra específica, montou um enredo a partir de descrições precisas nas quais o próprio cortiço torna-se a personagem mais convincente do romance. Há uma crítica social feita ao capitalismo selvagem e à despersonalização do ser humano. Escrito em linguagem bastante sinestésica cria fortes à nossa frente onde surge grande diversidade de tipos humanos sob o estigma de um único lugar - O Cortiço- buscando comprovar através do desenrolar da trama que o homem é produto do meio e, dentro deste, só pode sobreviver o mais forte (romance de tese). Há trechos onde a degradação do ser humano reduzido à condição de animal e a intenção do autor em revelar a miséria social do proletariado urbano fica muito clara. Ora os moradores do cortiço são comparados a insetos e animais (zoomorfização), tendo sua individualidade desprezada frente à força do coletivo, ora o cortiço sofre processos de antromorfização. Durante toda a narrativa as personagens são descritas de forma a destacar a influência do meio em seu comportamento e a preponderância do biológico, do instintivo em suas decisões e atitudes (determinismo)..



                          Outros autores:
 Além de Aluísio de Azevedo, foram representantes do movimento no Brasil: Eça de Queiroz, Adolfo Caminha, Julio Ribeiro entre outros.

Principais obras de Eça de Queiroz:
 ·A Cidade e as Serras
· A Ilustre Casa de Ramires
· A Relíquia
· A Tragédia da Rua das Flores
· As Farpas
· Contos e Prosas Bárbaras
· O Crime do Padre Amaro
· O Mandarim
· O Mistério da Estrada de Sintra
· O Primo Basílio
· Os Maias
· Uma Campanha Alegre

Principais obras de Adolfo Caminha:
-A normalista
-Tentação
-No país dos Ianques

Principais obras de Julio Ribeiro:
-O Padre Belchior de Pontes (1877)
-Traços Gerais de Lingüística (1880)
-Gramática Portuguesa (1880)
-Cartas Sertanejas (1885)
-Questão Gramatical – Polêmica com Augusto Freire da Silva (1887)
-Procelárias (1887)
-Escola Normal (1888)
-A Carne (1888)
-Nova Gramática Latina (1895)
-Uma Polêmica Célebre (1935)


C.E.Marechal Souza Dantas
Alunas: Ana Carla, Adriele Patricia, Karina Batista, Marisa Alves, Maycon.
Números: 36, 02, 14, 21, 23.
Turma: 2002


Um comentário:

  1. Ta bacana o trabalho, não entendi somente a parte em que usaram "Religião como instituição social" para definir como uma das características do Naturalismo!

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