segunda-feira, 6 de junho de 2011


        Terceira Geração Romântica brasileira
       Também conhecida como geração condoreira é caracterizada pela poesia social e libertária, reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de D. Pedro II. Marcada pelo aprofundamento do espírito nacionalista, do liberalismo e da poesia social e libertária, essa geração sofreu intensamente a influência de Victor Hugo e de sua poesia político-social, daí é conhecida como geração Hugoana. O termo condoreirismo é consequência do símbolo de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor, uma ave que consegue voar acima da Cordilheira dos Andes, assim como eram os ideais dessa geração. Os poetas condoreiros tinham ideais tão elevados que, semelhantes ao vôo da ave,podiam alcançar grandes alturas.
 Escritores participantes
      Participaram da terceira geração os escritores : Pedro Luís, Pedro Calasãs, Sousândrade – até certo ponto - , Fagundes Varela , mas seu principal representante foi Castro Alves.
 Castro Alves: a linguagem da paixão
      Castro Alves (1847-1871) nasceu na Bahia e estudou direito em Recife e São Paulo e em 1871 voltou a Bahia onde morreu. Ele tinha como temas principais: a escravidão, a república e o amor erótico.
       Sua obra representa, na evolução da poesia romântica brasileira, um momento de maturidade e de transição.Maturidade em relação a certas atitudes ingênuas das gerações anteriores, como a idealização amorosa e o nacionalismo ufanista ,substituídas por posturas mais críticas e realistas ;transição porque a perspectiva mais objetiva e crítica com que via a realidade apontava para o movimento literário subseqüente, o Realismo, que  muito predominava na Europa.
      Castro Alves cultivou a poesia lírica e social, de que são exemplos as obras Espumas Flutuantes e A Cachoeira de Paulo Afonso; a poesia épica , em Os escravos;e o teatro , em Gonzaga e a Revolução de Minas.





A Poesia Lírica
      Embora a lírica amorosa de Castro Alves ainda contenha um ou outro vestígio de amor platônico e da idealização da mulher,de modo geral ela representa um avanço
Decisivo na tradição poética brasileira,por ter abandonado tanto o amor convencional e abstrato dos clássicos quanto o amor cheio de medo e culpa dos românticos.
     Em vez de ‘virgem pálida’, a mulher nos poemas de Castro Alves é quase sempre um ser corporificado e,mais que isso, participa ativamente do envolvimento amoroso .E o amor é uma experiência viável,concreta,capaz de trazer tanto a felicidade e o prazer como a dor.Portanto,o conteúdo da lírica do poeta é uma espécie de superação da fase adolescente do amor para uma objetividade maior,prenunciando o Realismo. Como  exemplo temos o poema ‘’Adormecida’’ na antologia .
Uma noite eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
'Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras
Iam na face trêmulos — beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava, ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P'ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
"Ó flor! — tu és a virgem das campinas!
"Virgem! tu és a flor da minha vida!..."



O erotismo na poesia de Castro Alves :
     Um exemplo do erotismo existente em alguns poemas de Castro Alves.Estes versos são do poema ‘’Beijo eterno’’:
Diz tua boca:’’Vem!’’
Inda mais! Diz a minha ,a soluçar...Exclama
Todo o meu corpo que o teu corpo chama:
‘’Morde também!’’
Ai!Morde!que doce é a dor
Que me entras as carnes , e as tortura!
Beija mais!morde mais!que eu morra de ventura,
Morto por teu amor!
A poesia social
      Talvez seja Castro Alves o primeiro grande poeta social brasileiro .Como poucos,soube conciliar as ideias de reforma social com os procedimentos específicos da poesia ,sem permitir que sua obra fosse um mero panfleto político.
     Comparando Castro Alves e Álvares de Azevedo – principal poeta da segunda geração-, percebemos pontos comuns entre eles.O primeiro ,ao tratar do desequilíbrio entre o eu e o mundo,revela um desejo latente de transformação da realidade,com a qual não consegue integrar-se,enquanto o segundo também mostra desejo de transformação,porém faz uma tomada de posição :na sua poesia , tanto lírica quanto social, há a conciência dos problemas humanos e a busca para solucioná-los.
     Desse modo ,em vez de apresentar uma visão idealizada e ufanista da pátria ,Castro Alves retrata o lado feio e esquecido pelos primeiros românticos: a escravidão dos negros,a opressão e a ignorância do povo brasileiro.
     A linguagem usada por Castro Alves para defender seus ideais liberais é grandiosa, com gosto acentuado pelas hipérboles e por espaços amplos,como o mar,o céu,o infinito,o deserto.Nela tudo supera a altitude bem-comportada e superficial de um Casimiro de Abreu e busca o vôo alto ou o mergulho profundo.
      Trazendo inovações de forma e conteúdo,a linguagem poética de Castro Alves pronúncia a perspectiva crítica e a objetividade do Realismo, movimento literário da década seguinte.Apesar disso, é uma linguagem essêncialmente romântica,porque afinada com o projeto liberal do Romantismo brasileiro e bastante carregada emocionalmente,beirando os limites da paixão.


 ‘’ O Navio Negreiro’’
      O poema épico-dramático ‘’ o navio negreiro’’ integra a obra Os Escravos e ao lado de ‘Vozes d’África’’, da mesma obra ,constitui uma das principais realizações poéticas de Castro Alves.
      O tema de ‘’O Navio Negreiro’’ é a denúncia da escravização e do transporte de negros para o Brasil.Quando o poema foi escrito , em 1868,já fazia dezoito anos que vigorava a Lei Eusébio de Queirós,que proibia o tráfico de escravos,, mas a escravidão no país persistia.
      Portanto, sem a preocupação de escrever sobre a realidade imediata,Castro Alves faz uma recriação poética das cenas dramáticas do transporte de escravos no porão dos navios negreiros.Para isso valeu-se em grande parte dos relatos dos escravos com quem conviveu,na Bahia,quando menino.

O baiano Caetano Veloso criou uma música para o poema 'O Navio Negreiro' e canta-o, em estilo rap, juntamente com Maria Bethânia.

Caetano confere atualidade ao poema de Castro Alves ao aproximá-lo rap,gênero musical cultivado geralmente na periferia das grandes cidades por negros e por outros grupos socialmente excluídos.
O cruzamento do poema com rap parece lembrar que os problemas de opressão e miséria social vividos pelos negos no século XIX,com algumas diferenças,continuam os mesmos.





( Resuminho )
Terceira Geração do Romantismo
 - Condoreira 
 - Poesia social 
 - Republicana 
 - Abolicionista 
 - Desejo de liberdade 
 - Arte voltada para as camadas baixas da população
Poeta Maior: 
 Castro Alves



                                                      Grupo 3 : Henry Richard                Nº 09
                                                                         Lucas da Silva                Nº18
                                                                         Lucas dos Santos         Nº19                                                                                                            
                                                                         Nayara Gonçalves         Nº27                                                                                    
                                                                         Viviane Vitoria                Nº34

Um comentário:

  1. Muito Bom!! Excelente pesquisa e apresentação. Obrigada pelo empenho, Vera.

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